PERIODONTIA E O BEBÊ

PERIODONTIA E O BEBÊ

A influência da periodontite no nascimento de bebês prematuros ou com baixo peso é tema recorrente no meio científico. Apesar das opiniões controversas, diversas evidências já foram reunidas

Depois das doenças cardio- vasculares, os estudos que mais reúnem evidências sobre a periodontite como fator de risco são os que abordam a prematuridade e/ou o nascimento de bebês com baixo peso. Esta posição é partilhada por nomes de peso da Odontologia, incluindo a Academia Americana de Periodontia. Os estudos têm indicado que, mesmo após serem considerados os outros fatores de risco obstétricos tradicionais, como fumo, álcool, idade, raça, cuidados pré-naturais, infecções geniturinárias e outras doenças infecciosas, a doença periodontal permanece como fator contribuinte de risco para o aumento dos casos de prematuridade e baixo peso.

A quantidade de estudos em humanos até hoje não é tanto quanto aquela que suporta a relação com a doença cardiovascular e, entre as pesquisas existentes, há várias opiniões. Há estudos que não confirmam associação, enquanto outros dão sustentação à suposição de que estas condições estão relacionadas. A maioria dos estudos sugere que a doença periodontal pode ter impacto tão grande na prevalência no nascimento prematuro quanto o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas. “Há estimativas sugerindo que até 18% de todos os nascimentos de prematuros podem ser evitados, desde que se garanta o tratamento e o controle da doença periodontal”, informa Lenize Zanotti Soares Dias, coordenadora de Periodontia da ABO/ES. A hipótese do mecanismo de influência da doença periodontal na prematuridade e nascimento com baixo peso é, segundo o doutor em Periodontia e Professor Titular da Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FO/Uerj) Ricardo Guimarães Fischer, que a infecção liberaria marcadores inflamatórios na corrente sanguínea. Alguns desses marcadores, como o fator de necrose tumoral e a prostaglandina E, são também indutores do parto. Assim, o organismo das gestantes teria níveis mais elevados que o normal dessas substâncias e o patamar necessário para induzir o parto seria atingido mais precocemente, explica.

Engebretson e colaboradores publicaram um estudo no Journal of Periodontology analisando o efeito do tratamento periodontal durante a gravidez e suas conseqüências sobre o nascimento prematuro. Como resultado, observaram que houve significativamente menos partos prematuros nas gestantes que foram acompanhadas com os cuidados da periodontia (terapia periodontal), do que nas gestantes sem o tratamento. Um estudo recente, apresentado no Congresso Europerio V, em 2006 pela periodontista norte-americana Marjorie Jeffcoat, analisou 3 mil grávidas, dividindo-as em dois grupos. Entre as que receberam tratamento periodontal, a incidência do nascimento de crianças com baixo peso foi de 4%, enquanto que, entre as que não passaram pela terapia, a incidência foi de 13%.

Maria Christina Brunetti (2002) numa pesquisa de caso-controle, em que avaliou a condição periodontal de 174 puérperas assistidas em três hospitais públicos de São Paulo, para verificar a associação entre a doença periodontal e a ocorrência do nascimento prematuro e/ou com baixo peso, concluiu que esta associação pode ser reflexo de uma característica inflamatória do hospedeiro, colocando o indivíduo em risco para ambas as condições, e que qualquer interpretação para esta associação deve ser feita com precaução até que um número maior de dados, obtidos de estudos longitudinais, seja apresentado.

Ciclo menstrual

No decorrer do desenvolvimento da mulher ocorrem conseqüentes alterações de concentração de estrogênio e progesterona. Estas alterações acompanham a mulher ao longo de toda a sua vida, desde os ciclos menstruais, no uso de contraceptivos orais, na gravidez, no estresse e na menopausa.

Vários estudos mostraram que o aumento da produção de hormônios sexuais leva a uma resposta inflamatória acentuada do hospedeiro. Como exemplo, o aumento da progesterona eleva o nível da prostaglandina E2 (PGE2), que é um potente mediador da inflamação. Desta forma, durante o período da puberdade, as alterações hormonais levam a um agravamento da gengivite. “Maiores quantidades de hormônios femininos favorecem o crescimento de bactérias elevando o potencial patogênico da placa”, explica Lenize.

Em algumas mulheres, a alteração da resposta inflamatória na gengivite pode ser detectada durante o ciclo menstrual. Certos anticoncepcionais podem acentuar a vermelhidão, o edema ou mesmo a tendência ao sangra-mento. Na menopausa, podem ocorrer as alterações já mencionadas, além da sensação de queimação, ardência ou prurido na boca e na gengiva.

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Fonte: ABO

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