Tratamento Ortodôntico em pacientes com problemas periodontais.
Meus dentes estão com mobilidade e mudando de posição rapidamente. Vários espaços estão aparecendo entre eles. Por que isso acontece? Pequenas alterações no posicionamento dos dentes ocorrem durante toda a vida, sendo que as mais freqüentes são as rotações dentárias, a abertura de espaço entre os dentes e o apinhamento, principalmente no arco inferior. Esse processo, porém, é lento, mas a mudança rápida do posicionamento dentário pode ser decorrente de perdas dentárias ou processos patológicos como a doença periodontal, que pode ocorrer em indivíduos de qualquer idade, desde a adolescência. Quais os sintomas dessa doença e como ela é causada? Os sintomas primários da doença periodontal são o sangramento gengival durante a escovação e/ou mastigação, podendo aparecer também, conforme o processo patológico evolui, pus e mobilidade dentária. A causa da doença periodontal é multifatorial, ou seja, vários fatores contribuem para o seu aparecimento: má higiene, presença de placa bacteriana, fatores hereditários e baixa resistência imunológica. Quais as conseqüências dessa doença? A conseqüência mais grave é a perda óssea, minando o suporte dentário e, conseqüentemente, provocando mobilidade. A longo prazo, se a doença não for tratada, os dentes são perdidos. É possível reposicionar os dentes com aparelhos ortodônticos quando se tem doença periodontal? Sim, é possível, desde que alguns cuidados adicionais sejam tomados. No pedido da documentação ortodôntica, as radiografias periapicais da boca toda constituem o item de diagnóstico mais importante. Antes de qualquer intervenção ortodôntica, o paciente deve ser encaminhado ao periodontista para que sejam realizadas instrução de higiene, raspagem e curetagem gengival e, em determinados casos, até alguma intervenção cirúrgica. Feito isso, o tratamento ortodôntico poderá ter início, sendo que o paciente deverá realizar controles no periodontista em intervalos regulares de 3 a 4 meses durante o tratamento. O movimento ortodôntico poderá causar maior perda óssea? Não, desde que osso e gengiva sejam mantidos com saúde. O osso presente responde da mesma forma que em pacientes normais. Daí o controle periódico por parte do periodontista ser tão importante. Se for negligenciado esse aspecto e houver presença de inflamação durante a movimentação ortodôntica, aí então o processo de perda óssea será agravado. Então não existem limitações nessa modalidade de tratamento? Existem. Apesar de não ocorrerem perdas ósseas adicionais, o fato de apresentar suporte ósseo reduzido provoca sobrecarga de força no ápice da raiz durante a movimentação, predispondo o dente à reabsorção do ápice radicular. Para reduzir esses efeitos indesejados devem ser usadas forças leves na movimentação, deve-se aumentar o intervalo entre as ativações e evitar grandes movimentos de corpo, que ocorrem principalmente nos casos em que são planejadas extrações com futuro fechamento dos espaços. Ao final do tratamento ortodôntico será necessário algum outro aparelho para estabilizar os resultados? Sim, ao final do tratamento ortodôntico freqüentemente se usa um aparelho removível superior e um fio colado aos caninos inferiores. No caso de pacientes que apresentam perdas ósseas, essas contenções deverão ser permanentes, ou seja, para a vida toda, e os controles periódicos no periodontista devem continuar indefinidamente, pois a possibilidade de recorrência da doença permanece e pode ser evitada com esses cuidados.
Fonte: APCD |